23 de março de 2011

A minha fama da tua boca sairá

Talvez se me debruçasse sobre o íntimo,
sobre o quotidiano, como se de um diário fosse.
Se me especificasse ao irmanar nomes, idades, sexos…
Talvez aí contivesse a tua meditação,
excitando e aguçando a bisbilhotice, da qual escravo és!
 Aí me dissecarias, tentando enxergar a minha existência
que atenua a tua.
Tentarias por certo encerrar-me na tua mediocridade,
na tua trivialidade, tornando-me o cerne dos colóquios.
Imenso desassossego em que vives,
querendo saber tanto sobre o teu semelhante,
sendo intrínseco, sendo mais forte, que tu, fracassado!
Assemelha-se a uma pavorosa preocupação pela vida alheia,
como se da tua se tratasse, mentira!
Não será preocupação, nem benevolência por vero,
não passará do gosto que essa língua,
afiada, têm pelo escarnecimento.
No entanto confino-me a rememorar-te:
A minha fama da tua boca sairá!