8 de março de 2011

A minha concepção sobre o Carnaval


Prestes a acabar mais uma das alturas de maior folia e alegria, eis que escrevo a minha concepção de Carnaval, que efectivamente tem o valor que tem.
O Carnaval é a altura em que os mascarados dominam as ruas, dançam, desfilam e mostram os mais belos fatos, competindo com o vizinho pelo brio do traje, isto pelo menos para alguns.
A sensação que retiro a cada Carnaval que passo é que traduz a época em que algumas pessoas libertam as máscaras que usam dia após dia, esquecendo os preconceitos que os contêm de desfrutar a vida. Miserável sociedade a qual pertencemos, que se orgulha de oprimir quem se deixa oprimir, regendo-se por juízos e definições arcaicas, que coíbem tantos e tantos de ser o que verdadeiramente são, enfim.
Para alguns os dias de Entrudo representam o doce sabor da liberdade, em que deixam de se preocupar com o que se diz, sobre a opinião do vizinho, do amigo, da família.
 Em que a mulher frustrada com a vida de mãe de família, pode dar asas á imaginação e ser aquilo que sempre idealizara ser; em que a menina, inocente, se veste de princesa, dando vida através do seu corpo às princesas do livros que lê; em que o homem não sendo capaz de assumir aquilo que é com receios da sociedade frívola, desfaz a barba, pinta a bela da bochecha, penteia a longa cabeleira loira (de cabelo verdadeiro, nada de artificialidades), escolhe a melhor roupa combinada com os sapatos mais altos e se metamorfoseia. Saindo à rua orgulhoso do seu peito enganador, feito com uns quantos pares de meias velhas e, acima de tudo sendo feliz. É Carnaval e como tal tudo deve ser compreendido como uma brincadeira para todas as idades, o que sucede e que tanto me choca é que para muitos o Carnaval é a hipótese de serem quem de verdade são.
Para os outros, aqueles que os protótipos sociais nada lhes expressam, em que a sua visão em nada é limitada por opiniões de terceiros, pessoas que vivem consoante os seus gostos e sem dar apologias aos outros, para esses o Carnaval é a recreação que deveria ser, é a altura de graças, em que usam trajes desiguais dos habituas, mas mantendo traços da personalidade á qual estão vinculados, para esses o Carnaval é vivido como uma festa, não como um instante de licença para deixar cair a máscara a que tantos e tantas estão subjugados durante o restante tempo do ano.
Assusta-me pensar nessa mesma máscara quotidiana, eu fui desfazendo-me dela aos poucos, consoante a audácia que alcançava. Tu ainda a pões?!